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Para conter o mal incontido: reflexões sobre o uso da língua na igreja

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Sou muito sensível a datas. Hoje, enquanto escrevo, estou completando dez anos de trabalho na minha empresa. Voltam-me à memória muitas bênçãos recebidas e todo o crescimento profissional, que transbordou em muito, por exemplo, para minhas funções de marido e presbítero. Lembro que, depois de assinar o contrato, passei algum tempo ouvindo representantes dos diversos setores da empresa. Foi tudo muito instrutivo, mas me lembro em especial de um gerente já experiente e preocupado em dar aos novatos boas dicas para uma carreira promissora. Ele deu várias, mas só me ficou na memória uma delas, a primeira e mais importante: “Não fale mal de ninguém”. Talvez fosse apenas um homem ímpio dando um conselho pragmático. Talvez não houvesse valor espiritual autêntico nisso. Mas havia um discernimento genuíno que nós, cristãos, frequentemente deixamos de alcançar, não só no contexto profissional, mas também no ambiente da igreja. Poucos pecados têm tanto potencial para destruir uma igreja ou minist

Liberação sexual e deformidade moral

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A partir do momento que o sexo é visto como uma atividade que pode ser vivida à parte do compromisso matrimonial, como se o corpo fosse mera ferramenta de prazer, desconectada da consciência e do ser humano como um todo, nos tornamos homens e mulheres ensimesmados e autocentrados. O sexo livre fez de nós gente mais fraca, fútil e profundamente irresponsável. O ‘sexlib’, ou a liberação sexual, encorajada com veemência por movimentos revolucionários a partir da década de 60 na Europa e nos EUA, dessacralizou a integralidade da vida humana e a integração inexorável que há entre espírito e corpo. Ali nascia o que vou chamar de ‘geração soft’, incapaz de lidar com nãos, limites, pressões e instabilidades de todas as ordens, inerentes à realidade da vida. Ali nascia, em que pese a incoerência intrínseca do mote, o ‘é proibido proibir’. Entregue-se a si mesmo e a seus mais diversos [e perversos] instintos sem preocupações e responsabilidades, seja livre, seja feliz, diziam eles. Porém, ao des

A infiltração dos “cristãos progressistas” na igreja cristã

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Em 2018 e 2019 escrevi alguns textos sobre os problemas doutrinais dos “cristãos progressistas”, entre eles ‘ Crenças e fontes dos “cristãos progressistas ”’, ‘ Sobre os “cristãos progressistas”: qualificações e gradações ’ e ‘ O fervor religioso dos “cristãos progressistas” ’. Em linhas gerais, os “cristãos progressistas”: repudiam a Bíblia como Palavra de Deus inspirada e infalível; falam da irrelevância da Trindade ou defendem o teísmo aberto; são indiferentes aos ensinos sobre o pecado original e pessoal e a salvação pela graça; repudiam o nascimento virginal de Cristo Jesus; seu sacrifício expiatório e substitutivo na cruz; e sua ressurreição corporal; rejeitam todo e qualquer milagre ou sinal divino; são críticos das igrejas ou “desigrejados”; são indiferentes ou abandonaram qualquer crença na segunda vinda de Cristo. Esta ruptura com a crença consensual cristã pode ser encontrada numa consulta aos livros, artigos, ensaios e apostilas sugeridos ou publicados por estes e que ilust

A criança e o bebê

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Eu ouvi apenas o burburinho — muito barulho sobre o recente caso de aborto. De certa forma, tenho tentado me manter, disciplinadamente, distante da “pauta do dia”. Há muito ruído e toda a gritaria e o excesso de informação ocupam um espaço mental que atrapalha bastante a saúde e a produtividade. Tudo isso sem falar na manipulação constante dos meios de comunicação, e na perda de foco naquilo que é eterno. Mas essa é outra conversa. O fato é que eu apenas ouvi o burburinho sobre uma criança de 10 anos, estuprada, que engravidou e estava prestes a realizar um aborto. O barulho das redes revelava duas grandes inclinações – uma favorável ao aborto, e outra contrária. E as inclinações logo foram instrumentalizadas por dois grandes partidos: abortistas e anti-abortistas. A discussão do aborto é inevitável. E, sendo esse um tema tão importante, é perfeitamente impossível entender a gritaria. Mas algo me incomodou. Eu não quero entrar na discussão simplesmente para falar algo a favor ou contra

4 atitudes que a igreja deve ter frente a pedofilia

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A pedofilia é um dos mais graves problemas em nossa sociedade. Lamentavelmente, ao contrário do que gostaríamos, nossas igrejas estão repletas de relatos de crianças e adolescentes que sofreram ou sofrem com a pedofilia. Infelizmente não são poucas as crianças que vivem uma vida de horrores, sofrendo as agruras de uma relação despótica, ditatorial e pervertida por parte dos seus pais e familiares.  Segundo dados do site de combate à pedofilia Censura, o país amarga o primeiro lugar no ranking de pornografia infantil. Fora da web, centenas de casos de abuso sexual infantil podem estar acontecendo onde menos se espera. E para quem pensava que a igreja nunca sofreria desse mal, se enganou. Pois é, infelizmente não são poucos aqueles que sofrem abusos sexuais tendo suas vidas marcadas para sempre. Quantos por exemplo não vivem um “inferno” na alma em vista de um abuso sofrido? Quantos não carregam no peito a dor de terem sido vítimas de uma ataque pedófilo? Isto posto, penso não dá para fi

A igreja não pode se calar diante do crime de pedofilia

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A pedofilia é um dos mais graves problemas em nossa sociedade. Lamentavelmente, ao contrário do que gostaríamos, nossas igrejas estão repletas de relatos de crianças e adolescentes que sofreram ou sofrem com a pedofilia. Infelizmente não são poucas as crianças que vivem uma vida de horrores, sofrendo as agruras de uma relação despótica, ditatorial e pervertida por parte dos seus pais e familiares. Segundo as estatísticas, nosso país encontra-se entre os que mais sofrem com a pornografia infantil. Para nossa tristeza e vergonha, centenas de casos de abuso sexual infantil podem estar acontecendo onde menos se espera. E para quem pensava que a igreja nunca sofreria desse mal, se enganou. Pois é, lamentavelmente não são poucos aqueles que sofrem abusos sexuais tendo suas vidas marcadas para sempre. Quantos, por exemplo, não vivem um “inferno” na alma em vista de um abuso sofrido? Quantos não carregam no peito a dor de terem sido vítimas de uma ataque pedófilo? Isto posto, penso não dá para

Sexualidade e cosmovisão

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Todo mundo tem uma cosmovisão. Alguns dizem que cosmovisão é questão de coração, mas no mundo sentimentalista em que vivemos precisamos definir melhor o que isso significa. Se usarmos o conceito hebraico e grego, entenderemos que coração é além de um músculo, mas também está para além dos sentimentos. Coração seria o centro de toda a nossa vida envolvendo mente (intelecto) e sentimentos. Segundo Charles e Nancy Pearcey, cosmovisão é  “a soma total de nossas crenças sobre o mundo, a ‘visão global’ que dirige nossas decisões e ações diárias”[1]. Uma vez que temos minimamente esta noção de cosmovisão, é natural e esperado que um cristão veja o mundo a partir das lentes das Escrituras, mas para que isso seja uma realidade, as lentes em si não são o suficiente, como já disse James K A. Smith: “ Ser discípulo de Jesus não é primordialmente uma questão de meter as ideias, doutrinas e crenças certas em sua cabeça. […] Antes, é uma questão de ser o tipo de pessoa que ama corretamente – que ama

Tempos modernos, crentes eternos

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Estamos em uma era extremamente tecnológica e tecnologia é algo muito mais amplo do que internet, telefone celular e computadores. Não vou me ater a abordar tudo que envolve tecnologia, pois não sou da área e seria um assunto muito longo. Quero tratar de como usamos a internet e os dispositivos eletrônicos à nossa disposição e como isto pode ajudar ou prejudicar nossa fé. Usamos tecnologia em aparelhos domésticos o tempo todo (geladeira, máquina de lavar roupa, lava-louças, microondas, etc) e isto facilita nosso dia corrido. O bom uso desta tecnologia em casa nos ajuda a ter mais tempo para a família, por exemplo. Sabemos, porém, que isto nem sempre foi assim. Um exemplo temos em 16 de abril de 1912, quando o jornal London Times reportou que o navio Titanic havia afundado na manhã do dia anterior. A notícia foi enviada via telégrafo e levou um dia para chegar à população em Londres. Já no dia 11 de setembro de 2001, notamos a diferença quando o mundo inteiro assistiu à queda das Torres

O cristão e a ira justa

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“Irai-vos e não pequeis: Não deixe o sol se por, enquanto você ainda está com raiva.” Efésios 4:26 Um dos aspectos mais desafiadores da vida cristã é lidar com a raiva. Especificamente, a justa ira. Com todas as grandes marés culturais que surgem em torno de nós, é muito fácil ficar com raiva estes dias. Irritado com as mudanças que estamos vendo na cultura, irritados com o pecado, e com raiva de cristãos ou da igreja pela falta de resposta, ou por responder de um jeito que percebemos ser errado. Fundamentalmente, devemos entender que existem dois tipos de raiva. A ira justa, que é alimentada pela glória de Deus; e a ira injusta, que é alimentada por nossa própria glória, ou orgulho. Justa ira é uma coisa boa. Por que é boa? Isso mostra que o pecado nos entristece . A igreja que não se lamenta pelo o pecado é uma igreja insensível. Um cristão que não sente raiva justa é um cristão insensível. John Stott disse isso: “Há uma grande necessidade no mundo contemporâneo por uma raiva mais

O falecimento de J.I. Packer – Depoimento de um leitor saudoso

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Nessa semana faleceu o teólogo anglicano J.I. Packer (1926-2020). A primeira obra que li do autor foi  O Conhecimento de Deus , [1] que teve uma origem bastante despretensiosa. [2] Li no ano seguinte, quando ainda começava a vida pastoral e docente. Depois disso, logo descobri que já havia lido com deleite vários artigos dele no clássico Novo Dicionário da Bíblia , [3]   com as iniciais J.I.P. (Artigos: Eleição, Encarnação, Predestinação etc.). Logo comecei a recomendar aos meus alunos e ovelhas a leitura dessa obra clássica, que a partir da década de 1970 exerceu ampla influência nos Estados Unidos. [4] Nesses quase quarenta anos que leciono Teologia Sistemática, sempre coloquei a sua obra como uma das primeiras do Curso, ao lado de A.W. Pink (1886-1952). A admiração dos alunos com os seus escritos têm sido uma constante em todos esses anos. Packer, de fato, é extremamente respeitado em todo o mundo. Em geral, [5]  por suas posições firmes, colocadas com o passar dos anos de forma am